Reflexão 15.02.2015

Após o início do processo interminável de conversão a Cristo, tem sido uma luta interna posicionar-me quando eu imagino ser necessário. Entendeu? Não? Eu explico!

Durante muito tempo, tive a motivação de ser um bom expositor da Palavra de Deus ou de ser relevante para a comunidade em que faço parte.  Não porque me preocupava com os problemas que cercavam a comunidade, ou porque desejasse que tivessem um maior zelo com os ensinamentos bíblicos, ou, muito menos, porque ansiasse uma entrega verdadeira da igreja ao Senhor Jesus.

A minha motivação, infelizmente, era provar a mim mesmo e aos outros que eu era capaz de algo. Amava e desejava ser elogiado pelo trabalho que fazia ou pela minha capacidade de comunicação. Ou seja, era um retardado!

Quando a ‘ficha caiu’ (quando convertido de verdade), tendi a retroceder. Não desejava mais os ‘lugares de destaques’ (se é que se pode classificar assim qualquer trabalho no Reino de Deus, já que todo lugar é de destaque, seja limpar os bancos ou comunicar o evangelho através da pregação).

Então, fico ponderando quando desejo falar algo. Fico me perguntando qual a verdadeira motivação disso: agradar ao meu ego com os possíveis elogios que possam surgir ou contribuir de forma efetiva para a minha comunidade e para aqueles me cercam?

Entretanto, há algo que eu já venho pensando há um tempo e que eu desejo me posicionar! Sobre esse assunto eu desejo ter voz, quero falar de forma contributiva!

Vejamos.

Não é de agora que se discute que o homem é um animal social e que precisa estar em contato com semelhantes e formar associações. Nesse processo é natural surgirem referências: pessoas que desejamos ‘ser quando crescer’.

É tão natural esse processo de criar referências, que o apóstolo Paulo, ao escrever aos jovens Timóteo e Tito, cita características que possíveis lideranças/referências, deveriam ter. (1 Tm 3:2-3 e Tt 1:7)

Nesse sentido, assusta-me o fato de que, por diversas vezes, é considerado referencial, aquelas pessoas que são populares. Ou seja, relacionam sucesso ministerial aos números de seguidores.

Na maioria das vezes, para ser uma referência no meio cristão, que ultrapasse as barreiras denominacionais, ou se é um cantor gospel ou um pastor popstar (que dê um show, fale muito de si mesmo, das suas experiências e pouco da Bíblia e de Deus).

É importante que tenhamos referências realmente condizentes com os padrões estabelecidos por Cristo, do contrário, iremos reproduzir ensinamentos e comportamentos errôneos.

Neste ínterim, faço algumas observações:

1.       Cantar, pregar, compor... Tudo isso é muito fácil! Difícil é ter uma prática constante de leitura da bíblia, oração, jejum. Difícil é evangelizar e discipular um pequeno grupo. A experiência de Cristo no processo de discipulado com os doze discípulos mostra que o discipulado não é algo simples.

2.       Nem todo aquele que é um pregador ou cantor gospel de sucesso entrará no Reino dos Céus (Mt 7:21-23)

3.       Os anônimos fazem um trabalho relevante. Lembre-se: sem Ananias, não haveria Paulo. Sem Jetro, o trabalho de Moisés seria mais difícil.  

4.       Não há trabalho mais ou menos importante no Reino de Deus. Pregar, cantar, lavar banheiro do templo, receber os visitantes, tudo é visto como forma de serviço ofertado a Deus! Combinado assim?

5.       Nem sempre o cantor gospel da moda ou o pastor popstar, canta músicas ou faz pregações verdadeiramente bíblicas. Às vezes rola uma heresia, rola músicas e pregações que falam mais das nossas necessidades do que de Deus... Tem que vigiar nisso aí, viu jovem?

6.       Cristo, o nosso modelo de referencial, abandou a glória que a um Deus é devida e tornou-se homem. Podia nascer em berço de ouro, mas escolheu uma manjedoura e uma das regiões mais pobre de Israel pra nascer. Discipulou 12 e enviou 70. Números baixos, não é?


Diante disto, sugiro que possamos valorizar mais as referências anônimas. Aqueles que não possuem tanto destaque, mas que se esforçam a viver um evangelho verdadeiro! O modelo de referência que você precisa ter pode estar na sua igreja e você nem percebeu.